Candidatos devem estar atualizados e acompanhar as notícias
divulgadas em jornais e revistas
Brasília – Depois de mais de três décadas sem entrar em uma sala
de aula, Sílvia Rabello, 57 anos, mantém a animação dos jovens
estudantes e o desejo de fazer diferente assim que concluir o
curso de artes plásticas, na Universidade Estácio de Sá, no Rio
de Janeiro. O entusiasmo é gerado pela força de quem ficou fora
do ambiente escolar, em decorrência da maternidade e dos
afazeres domésticos, e de quem, com esforço próprio, conquistou o
sonho de ingressar na universidade.
“Há dois anos entrei em um supletivo e, depois de dois meses, me inscrevi no Enem [Exame Nacional do Ensino Médio]. Não precisei fazer o vestibular, consegui passar com a minha nota”, contou ela que largou os estudos sem concluir o ensino médio. Antes de entrar na faculdade, Silvia já pintava quadros e vendia para arquitetos que trabalhavam com decoração de interiores. Agora, se prepara para uma nova fase em sua carreira, assim que receber o diploma.
Para quem vai fazer o exame no próximo fim de semana, a dica
da artista plástica é se dedicar à leitura. “A prova é muito
próxima do cotidiano e adaptada à realidade do nosso país.
Fiquei muito impressionada com meu desempenho no Enem”, disse,
lembrando os anos em que se distanciou dos livros escolares.
“O que me ajudou muito foi a redação, que vale 50%. Eu não
sabia que tinha armazenado tanta informação ao longo desses
anos e não achava que ia passar”, contou.
A redação é o momento que mais gera expectativa entre os
participantes do Enem. A nota representa 50% do resultado
total do exame. Na edição deste ano, marcada para o próximo
fim de semana (3 e 4 de novembro), em que 5,7 milhões de
pessoas vão fazer as provas, as regras de correção mudaram.
Mas as principais dicas para a redação, na opinião de quem já
fez o exame, continuam as mesmas de anos anteriores. “A
redação é o principal ponto do exame e precisa ser bem
escrita, sem rebuscamento, mas bem estruturada e
argumentativa”, indicou João Pedro de Souza Pena Barbosa, que
conseguiu vaga no curso de direito de duas instituições
federais – Universidade Federal de Goiás (UFG) e Universidade
Federal de Uberlândia (UFU) – com a nota que conquistou no
Enem do ano passado. João Pedro conta que fazia duas redações
por dia, além dos textos já exigidos pelos professores do 3º
ano.
O estudante, que por processo de transferência hoje cursa
direito na Universidade de São Paulo (USP), afirma que
conseguiu os resultados que esperava com o Enem. João Pedro
ainda complementa as dicas para quem vai fazer a prova pela
primeira vez: “Leitura é essencial e o ponto-chave do Enem,
que não exige tantas questões com fórmulas, como nos
vestibulares que tem surpresas e pegadinhas. O Enem é mais
justo e mais interessante, mas [o aluno] precisa ter leitura,
estar antenado em jornais e buscar técnicas de leitura
dinâmica”.
O professor de redação, literatura e língua portuguesa do
Colégio Militar de Brasília Leandro Batista da Silva faz coro
às dicas de quem já prestou o exame e reforça que os
candidatos devem estar atualizados e acompanhar as notícias
divulgadas em jornais e revistas. “É uma prova que visa a
perceber como o aluno interage com o mundo que o rodeia e como
ele lida com as questões desse mundo”, acrescentando que é
preciso atenção às competências exigidas: articulação de
ideias, coesão e coerência, gramaticalidade, progressão
temática e argumentação.
Para ele, o tempo extra no segundo dia de prova (uma hora e
meia a mais) é suficiente para que os candidatos produzam um
bom texto.
“O que é mais válido é que o aluno tenha atenção durante a
escrita da sua redação. Geralmente a redação [do Enem] está
vinculada aos textos motivadores de toda a prova. Então todos
os textos que o aluno for lendo ao longo da prova já vão
servir de embasamento”, destacou, citando o exame do ano
passado, quando o tema proposto era o universo das redes
sociais e a internet.
O professor alerta, entretanto, que “os alunos não podem reproduzir os trechos dos textos motivadores”.
Para os participantes que consideram a redação como o
“bicho-papão” do exame, a dica do professor é seguir o modelo
clássico do padrão dissertativo-argumentativo. “O aluno deve
apresentar a tese no primeiro parágrafo, citar três argumentos
e, nos três parágrafos seguintes, desenvolver esses
argumentos, ampliando as informações e fazer a conclusão
apresentando sua proposta de intervenção.”
A sugestão do especialista para os mais inseguros é começar a
prova pelas questões objetivas e, só depois, redigir um
rascunho da redação. Em seguida, deve marcar o cartão de
respostas da parte objetiva e só então passar a redação a
limpo. “O aluno precisa ter cuidado com pontuação,
concordância e regência e isso ele só consegue fazendo uma
releitura do texto”, destacou.
Fonte: Todos Pela Educação
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